Nichiren foi um monge e o fundador da escola budista que leva seu nome, sobre a qual falaremos mais adiante. Hoje, o foco está neste importante personagem, que contribuiu para a criação de mais uma das escolas japonesas de budismo: o budismo nichiren.
Seu nome significa Lótus do Sol, e foi dado a ele porque sua mãe sonhou que o sol repousava sobre uma flor de lótus quando ela o concebeu. Nichiren foi um iconoclasta de um caráter muito evidente. Ele recebeu, por revelação, um conhecimento completo dos mistérios budistas, embora, ao ser a história de sua vida, alguém possa pensar que ele adquiriu a sua notável sabedoria religiosa através do estudo árduo. Durante a sua vida, o Japão presenciou um terrível terremoto, seguido por um destrutivo furacão, pela peste e pela fome. Tão grandes eram as calamidades que os homens rezavam para morrer ao invés de viver em meio à tamanha miséria. Nichiren viu nesses desastres a mão do Destino. Ele viu que a religião e a política haviam se corrompido, e que a Natureza havia se rebelado contra os numerosos males que existiam naquela época. Nichiren percebeu que o budismo não era mais o simples ensinamento de Buda.
Em várias escolas, ele estudou tão diligentemente que ele descobriu que os sacerdotes tinham negligenciado Shakamuni (o Buda Histórico), e adoravam Amida, uma manifestação de Buda, em seu lugar. Nem a sua heresia se encerrava por aí, pois ele descobriu que sacerdotes e outras pessoas também adoravam Kannon (Kwan Yin) e outras deidades. Nichiren desejou varrer essas deidades para restaurar o budismo à sua antiga pureza e singeleza de propósito. Ele clamou em um de seus sermões: “Despertai, homens, despertai! Despertem e olhem ao seu redor. Nenhum homem nasce com dois pais ou duas mães. Olhem para o céu sobre vocês: não há dois sóis no céu. Olhem para a terra sob seus pés: dois reis não podem governar um único país”. Em outras palavras, ele deu a entender que ninguém pode servir a dois senhores, e o único mestre que encontrou para ser digno de serviço e adoração era o próprio Buda. Com esta crença, ele procurou substituir o mantra comum Namu Amida Butsu por Namu Myōhō Renge Kyō (“Oh, a Escritura do Lótus da Lei Maravilhosa!”).
Nichiren escreveu Risshō Ankōku Ron (“Livro para Tranquilizar o País”), que continha a previsão de uma invasão mongol e muitos ataques amargos contra as outras escolas budistas. Finalmente, Hōjō Tokiyori foi obrigado a se exilar em Ito por trinta anos. Ele escapou, no entanto, e renovou seus ataques acalorados sobre as escolas rivais. Os inimigos de Nichiren procuraram a ajuda do Regente Tokimune, que decidiu por decapitar o monge, e o vingativo Nichiren foi finalmente enviado para a praia de Koshigoye para ser executado. Enquanto esperava pelo golpe fatal, Nichiren orou a Buda, e a espada de seu executor quebrou quando lhe tocou o pescoço. Este não foi o único milagre, pois, imediatamente após a quebra da espada, um relâmpago atingiu o palácio em Kamakura, e uma luz celestial cercou o sagrado Nichiren. O oficial incumbido da execução ficou consideravelmente impressionado por esses eventos sobrenaturais, e enviou um mensageiro ao Regente para um adiamento. Tokimune, no entanto, havia enviado um cavaleiro que levava o perdão, e os dois homens se encontrarem em um rio agora chamado Yukiai (“Lugar do Encontro”).
A fuga milagrosa de Nichiren foi seguida por um ataque ainda mais vigoroso sobre aqueles que ele considerava que não eram da verdadeira religião. Ele foi novamente exilado, e finalmente estabeleceu a sua morada no Monte Minobu. Dizem que uma bela mulher foi até essa montanha, enquanto Nichiren estava rezando. Quando ele a viu, disse: “Retorne ao seu estado natural”. Depois que a mulher havia bebido água, ela se transformou em uma serpente com quase 20 pés de comprimento, dentes de ferro e escamas de ouro.
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